Preguiça de contar tudo, então eu miniconto!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

minutos engarrafados

A moça olha de forma arregalada a outra que chega de batom vermelho aceso,
o trocador ficou de sobrancelha arrepiada com o decote, o porte da morena invocada,
e o amarelo da bunda na calça de ginástica leva ao delírio o homem que volta do trabalho.
A fotógrafa mal-humorada sentada ao meu lado, perdeu a hora no trânsito, e o sorriso no lanche
que não o fez quando necessitava. A estudante que chega de bolsa verde plástico meu deu sua pasta
de cor leve, porém pesada. Lente na íris azul pra enxergar mais felicidade. A fileira de carros já foi
ultrapassada, chego ao aterro, ônibus corre e quase não consigo escrever mais nada.
Estava em hora, avistamos a Glória, e logo a lapa, a chegada.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vem!

Acordei tarde pra sair cedo de casa. Farta da falta de sensibilidade, indigestão. Acho que to esquecida aqui no mesmo lugar onde não consigo entrosar. E mesmo se um dia você falar que isso não pode ser proveniente de mim, digo-te ainda que não descarto essa possibilidade. Caro amigo, quero sair de onde estou e não quero dar explicações de como acordar sem ter vontade de tomar coca-cola. Hoje não.

terça-feira, 27 de abril de 2010

esquinas


Por trás das folhas verdes
e da grade branca
lá esta ela se lamentando,
um resmundo sobre o mundo,
sobre a vida,
do lado oposto passa uma grávida barriga
que quase explode de alegria,
alegria que não tem mais a vozinha
atrás do portão que tem a cor de seus cabelos.
Aqui nessa esquina, isso eu via
enquanto o suco congelado de maracujá
em boca minha derretia,
no descanso do ofício
que escolhi pra esses dias.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma Laranjeira...

Hoje eu me sinto uma Laranjeira
Se me vês torta na feição
Capricho seu ou de sua natureza

Hoje eu me sinto uma Laranjeira
Dançando sensível ao Vento
E firme com raízes na Terra

O Vento me seduz não lhe nego
A Terra me completa semi-inteiro
Perguntas qual dos dois predilecto?
Respondo, me aproveito das Duas

Pois hoje eu me sinto uma Laranjeira
Com o caule feliz entre escolhas
E com flores no topo a amostra

A quem me desejas, entrego!!!
Se é o paterno perfume que tenho?
Momentos guarde aonde quiseres

Vislumbra eu pra si por inteiro?!?!?
Seja Vento ou quem sabes Terra...

Roger de Oliveira Duarte

segunda-feira, 5 de abril de 2010

-Querer o já querido.

Elas falam que vou me arrepender, elas dividem vodka comigo. Deveria escutar? Deveria cumprir a sina de não se apegar, ficar bêbada de exageros. Presa? Sim, eu deveria mais do que nunca ficar apaixonada pelo livro de biologia e pelas enzimas. Vitaminas! Andei desnutrida em passos de velório por entre um cheiro ruim de guardado, casacos no calor- Chuva! Pararei frente ao vagão na ansiedade de escolher por pensamento um lugar pra sentar, apaixonar ou não pela biologia durante a viagem-Medo! Tem gente que pensa em mim durante a viagem, eu penso em como essa gente pode esquecer- Pesos! Faço as regras do meu horário escolar, da minha fome por gente - Escolha. Apontei alguém que não me elegeu e elas falam que não é legal, que legal mesmo é beber vodka.

sábado, 6 de março de 2010

Texto I

“Lembro-me de ter acordado com aquela sensação de ter sonhado algo que não se sabe ao certo o que, mas de certo por mais que me esforçasse para lembrar não conseguiria, os sonhos são como os meus bons poemas, aparecem sem que eu peça e se vão sem dizer pra onde, enterrados em algum lugar dentro de mim. Aquela altura da manhã umas quinze para as seis a preguiça me dominava por completo, a cama parecia ter braços e um calor sedutor que sabes a que me refiro. Deitado olhando pro teto esperando meu corpo reagir, me peguei pensando em tantas coisas, sejam elas corriqueiras ou profundas, nessa minha viajem matinal vou de minhas ações do dia-a-dia até vãs filosofias, passando por paixões rapidamente para não me alongar mais no meu berço, finalmente me pus sentado na cama ainda sonolento e lá se vão mais uns dez minutinhos de ócio não criativo. Finalmente me levantei não muito seguro de minha disposição para tal, cambaleante me dirijo ao corredor e entro rapidamente no banheiro, giro a engrenagem do chuveiro bruscamente como num ato de coragem, enquanto espero um jato gelado sobre minha preguiça. Volto a pensar enquanto a água encharca meu corpo e purifica minha alma, me preparo psicologicamente pra mais um dia entediante de trabalho."

Por Roger Duarte

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

B em G

É Sexta,
às 7
é frio.
E ela
em seu
pescoço
em
todo o seu
corpo
traz o sol.
Nosso
pescoço,
meu corpo,
sol do mundo
amor-mudo.
É sexta,
minha
sétima mulher
oitavo olhar,
na
décima quem sabe
eu
aprenda o que é
amar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

- Ok, testando!

Estava sentada distante, a claridade incomodava mas gostava da sensação. O ônibus estava vazio, podia escolher qual lugar fosse melhor, inclusive os que batiam pouca luz. Escutei uma mulher falando com a voz enrolada e aquilo chamou atenção, como era horrível aquele murmúrio, aquela tentativa de ordem. Fiquei com raiva da voz da mulher, contudo, queria entender o que ele estava falando e com quem. Olhei, ela estava sentada nos últimos bancos, que são cinco poltronas em uma mesma fileira. Estava sentada na poltrona perto da janela e gesticulava para o lado, parecia não ter ninguém ali. Impulso de levantar e sentar na mesma fileira, senti um pouco de nojo, a mulher era feia e estava mal vestida, parecia bêbada ou doente mental. Sentei na poltrona do meio e para surpresa, tinha uma menininha sentada na outra extremidade da fileira. Era bem magrinha, clarinha, bonitinha, de tão pequena, não dava pra ver que estava sentada ali, a poltrona da frente cobria seu rosto. Senti uma enorme simpatia pela menina que olhava atentamente pela janela, ela parecia gostar do ventinho que batia no rosto. A mulher voltava a resmungar e agora eu entendia, ficava mais feliz por isso, tinha cumprido meu objetivo. A menina não dava um mínimo de confiança, mas, parecia não sentir raiva, eu sentia raiva por ela, como poderia aquela hora da manhã estar bêbada e ainda com uma criança. Eu tinha que beber, pelo menos um copinho, tinha um teste pra fazer, eu tinha o direito de fazer isso, ela não. Pensei que ela poderia ser doente mental, senti culpa por ter raiva dela, fiquei confusa, estava atrasada para o teste. Senti vontade de criar a menina, eu poderia ser mãe dela ou eu nem poderia cuidar de mim mesma, queria uma solução. A mulher deu um grito que parecia arrastado; acordei dos pensamentos com ela fora do ônibus arrastando a menina pela rua. O próximo ponto era o meu, tinha que esquecer aquilo tudo pra dar lugar a outra tensão, o teste que tinha que fazer.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

________________________________________________Verti

Tentei apoiar-me na parede.
Que parede? Já caí, 1,78 que mais parecia 50. A falta de oxigênio costuma a causar isso nos seres. Parece que puxei, prendi e esqueci de soltar, e tudo gira ao mesmo tempo. A coca-alcoólica e cigarros para tratamentos específicos não soam mais como realidade...
Culpa da falta de oxigênio.
E como fugir das alucinações?
Voltando a respirar de novo, e sentir de novo o velho veneno, e fazer de novo o que todos perguntam, e cair na secção nostalgia que antes era rotineira, chorar, chorar, lembrar e ver que o estado de sanidade mental voltou.
O barulho ao fundo na verdade, é o despertador que serve para lembrar-me que:
Puxei você à força para os meus braços, prendi mesmo sabendo que choravas e continuo não querendo soltar, mesmo sendo constantemente lembrado.
Tudo isso causado pela falta de oxigênio...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

1

se negou, disse não. Bateu porta e foi embora. Prometeu não mais voltar, confidenciou a si mesmo, baixinho, enquanto descia a escada, que mesmo a essa hora encontrava-se escura. Já na rua fez sinal para o primeiro coletivo que passou sem se importar com o destino, da esquerda para a direita, esse seria o trajeto naquela rua longa e reta. E assim foi.





terça-feira, 5 de janeiro de 2010

dois

Veio de tão longe, e me trouxe pra mais perto de mim. Me fez lembrar de coisas já esquecidas, eu que já estava farto do magro, do sem graça, sem sal, agora provava o gosto doce desses dias. Não sei quantos, mas esses tantos talvez me bastem, de fato me farão falta, mas a presença dos mesmos não ficarão no vazio, no abismo dos quilômetros.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

- A agregada.

- Pra cada fase ela escolhia uma mãe. O pai, escolheu o meu. O irmão, pegou emprestado. Ela queria ser mais eu do que eu mesma, que nunca liguei pra nada. Contudo, eu e ela sabíamos que ela não era a herdeira (Talvez, nem eu seria).

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Chuva de pipocas, línguas estrangeiras, desejos de paz e tudo mais.
As equipes de reportagens chegaram. Chove muito, chove corpos, chove sono às cinco da manhã. A publicação preocupa, meus olhos vermelhos funcionam como mina e terminou todo meu estoque de lenços de papel.