Preguiça de contar tudo, então eu miniconto!

sábado, 6 de março de 2010

Texto I

“Lembro-me de ter acordado com aquela sensação de ter sonhado algo que não se sabe ao certo o que, mas de certo por mais que me esforçasse para lembrar não conseguiria, os sonhos são como os meus bons poemas, aparecem sem que eu peça e se vão sem dizer pra onde, enterrados em algum lugar dentro de mim. Aquela altura da manhã umas quinze para as seis a preguiça me dominava por completo, a cama parecia ter braços e um calor sedutor que sabes a que me refiro. Deitado olhando pro teto esperando meu corpo reagir, me peguei pensando em tantas coisas, sejam elas corriqueiras ou profundas, nessa minha viajem matinal vou de minhas ações do dia-a-dia até vãs filosofias, passando por paixões rapidamente para não me alongar mais no meu berço, finalmente me pus sentado na cama ainda sonolento e lá se vão mais uns dez minutinhos de ócio não criativo. Finalmente me levantei não muito seguro de minha disposição para tal, cambaleante me dirijo ao corredor e entro rapidamente no banheiro, giro a engrenagem do chuveiro bruscamente como num ato de coragem, enquanto espero um jato gelado sobre minha preguiça. Volto a pensar enquanto a água encharca meu corpo e purifica minha alma, me preparo psicologicamente pra mais um dia entediante de trabalho."

Por Roger Duarte