Preguiça de contar tudo, então eu miniconto!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

De dentro da luva de veludo, um futuro

Era isso, havia acreditado nas palavras não ditas e confiado num beijo quente de verão. Alguns segundos após as risadas, falou com convicção "Eu te amo". Do outro lado, silêncio, e depois de três segundos "Um beijo". "Beijão", retribuiu o primeiro. Semanas passariam sem um encontro físico, falta de tempo. "Minha vida está uma loucura", " Tranquilo, imagino... mas olha, vou fazer um almoço bacana amanhã, por que você não vem?" . "Tá, que horas, então?". "Depois da sua faculdade.". "Meio dia e trinta, fechado!". Não foi, não irá, não frequentrá os mesmos espaços, nem as mesmas pessoas. Não comerão no mesmo prato. Não mais se amarão no mesmo sofá-cama, não suarão os mesmos lençois; tendo isso ocorrido apenas uma vez e sabe-se lá por qual motivo, talvez o simples fato do outro não ser tocado pelo um; de um toque profundo daqueles poucos que ocorrem em nossas vidas. A mão não esteve na luva, a luva não coube na mão; não naquele momento, nem numa futura tentativa. Luva antiga, mãos que crescem.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Frases do Fim...




Infeliz a hora que eu disse sim. Me levantei por hora ansioso, calcei qualquer tênis escondido em baixo da minha cama, em uma olha rápida não via nada que não fosse caos, tive trabalho maior que eu queira para encontrar um par de tênis azuis, colhi meu jeans do chão e passei a mão na primeira camisa que meus braços alcançaram dentro do meu armário de cedro, que mais parece um lugar anacrônioco do meu quarto cercado de poster de ícones do rock morto. E o passado morreu com todos eles e dou graças todos os dias. Após vestido caminho a passos lentos dirigindome ao banheiro e viro apenas o pescoço tentando alcançar com o olhar o relógio da parede da cozinha, com sempre estou atrasado deveria ter dito um horário mais tarde, mas queria acabar logo com isso. Jogo meu rosto em direcção a pia e me lavo como se precisasse de ajuda para sair de casa, sabia eu que minha ajuda não era límpida, liquida e muito menos inodora.
Volto a meu quarto meto minha mão dentro do meu casaco e puxo todo ânimo que me resta e era bem pouco, escolho um livro grosso aleatoriamente na minha estante, "crime e castigo" de Dostoievski, por alguns segundo me recordo da minha leitura e de como é belo esse amargurado russo, jogo-o na cama de bruços esparramo todo animo sobre ele, ajeito cuidadosamente para não perder nem um pouco, e acordo novamente para o dia, como se tivesse injetado o sol dentro da minha cabeça, seria capaz de descer os 11 andares correndo, mais não fiz, minha alegria se limitou a devaneios mentais e um cigarros aceso em minhas mão.
Chego muito desposto a conversar com ela, o que sempre adorei, até mesmo nossos mais calorosas discuções sobre o relativismo da arte, tolices, agora estou e esperando como um idiota achando que ela já se foi pelo atraso, mais para minha infelicidade ela volta dizendo que estava esperando a meia hora, resposta típica de quem não tem noção do tempo que está lá e provavelmente chegou a alguns minutos, e para impor uma ridícula vaidade sem objetivo coerente mentiu. Sentamos nas escadas acendemos um cigarro, incrível como surgem pessoas dos bueiros pedindo cigarros quando se está parado, evidentemente o dei, sem nenhum problema e ainda com um sorriso lindo de satisfação e um olhar castanho e profundo, como quem um dia gostaria de algo em troca, o rato volta pro bueiro sem que eu perceba, outra qualidade desse tipo de parasita, sumir, ao menos esse agradeceu. Nossa conversa se seguia em decorrencia dos cigarros que fumávamos, um atrás do outro, não sei até agora se eramos muito viciados ou muito angustiados. Assistia os olhos dela enquanto falava, ouvindo sua voz como se fosse algo sem importancia perante a grandeza do conjunto. Conversa amena, num dia ameno as vesperas de uma noite quente. A lua se apresenta linda, esnobe e distante como sempre, caminhamos em direção a um bar qualquer numa rua qualquer em busca de uma bebida qualquer. A garçonete me lançou um sorriso acompanhado de uns olhos brilhantes, como se esse fosse o atrativo do lugar, em um segundo me senti num bordel, e assim estava bom, tolo do homem que acha que nunca pagou por sexo. Ela nos servia sorridente e aquele flerte amistoso me agradava, a mim e a minha acompanhante, que continuavamos sentados e conversando, melhor ela conversando, enquanto eu espiava sua alma pelo buraco da mais belas das fechaduras. Amigos chegaram, e tiraram minha atenção, traziam consigo comprimidos de alegria, era tudo que eu precisava, me deram apenas um, em alguns minutos os olhos que espiava como um menino que vê o mar pela primeira vez já me deparava com uma poça d'agua numa noite chuvosa. Até que sinto uma mão tocar minha coxa esquerda, macias e maliciosas, direcciono meus lagos para seus olhos, e parecia que eu tinha perdido uma moeda dentro daquelas poças estava disposto a recupera-la sem saber o valor e as consequencias que ela teria. Fiz a proposta mais antiga do mundo tocando meus lábios em sua orelha direita, como tem um cheiro bom essa mulher, ela cheira a pecado. Caminhávamos em direção a avenida em busca de um carro de aluguel ou táxi se preferir. Deixamos passar alguns para que pudéssemos degustar nossos cigarros suavemente. dentro do carro ela se jogou em meus braços tocando meu pescoço com aquela devassidão que ela chama de língua, foi como usar um interruptor e nesse caso eu era o objeto.
Subindo as escadas em direção ao quarto, ela estava a minha frente, não sei se pra me provocar com aquele andar profano, que nem um maldito padre deixaria de "pecar", digo que o pecar seria o resistir, resistir a estar vivo, negar a dádiva de sentir prazer pela vida não é só um pecado para com Deus, mais sim com a condição de humano que só vive uma vez. Bateu a porta atrás de mim enquanto ela colocava as mãos dentro de sua grande bolsa e fazendo nevar sobre a comoda, me bateu um frio como se a morte estivesse a beijar meu rosto. Nos debruçamos sobre a comoda como animais de joelhos com dinheiro enrolado nas mãos, uma cena triste demais para se ver, uma cena que quando você vê alguém que se gosta fazendo, você repensa tudo o que julga amor. fomos ao banheiro e limpamos nossos rostos. Começamos a nos beijar numa intensidade absolutamente plástica, as roupas se foram em seguida e o tesão era maior dentro do meu nariz que no corpo que dispunha, mas ainda assim prossegui. Enquanto a penetrava lembrava de nossas conversar sobre amor nos tempos em que eu usava essa palavra, e percebi que tudo o que ela sempre quis é exatamente o que está tendo agora, atos vazios assim como as palavras subjetivas, entendi que eu sempre disse que amava, mas com meus corpo, de meu jeito, com meus olhos brilhantes fincados nos dela depois de fazer amor, com meus lábios grossos entre suas pernas, sentindo o prazer do outro pela língua, junto com as seus mão tremulas de prazer nos meus cabelos, com a minha vida jorrando em seus seios, viscosa, liquida e sobretudo viva, mas a tola sempre preferiu palavras aos atos. Enquanto pensava sentia unhas rasgando minhas costa, uma língua nos contornos da minha orelha e um gemido de satisfação e alivio, quando esses diminuíram abri mão de meu prazer completo, me afastei e olhei atenciosamente para sua boca ofegante, seu rosto brilhante com pouco suor e seus olhos agradecidos, passei os dedos como um batom pelos seus lábios inferiores e me levantei. Alcancei o radio do quarto enquanto me vestia, a musica era linda, rápida e angustiante, ela enlaçou meu braço com seus frageis dedos e pedindo pra que eu ficasse, minha alma sorriu vaidosa, meu coração bateu morno, disse que nunca mais voltaria a um quarto com ela, até que ela encaresse essa experiência como o real amor. Claro que nunca vai enteder um sentimento dessa magnitude e nem cogitei explicar, joguei dinheiro sobre a cama, para pagar o periodo e peguei um derradeiro envelope guandando-o no bolso da calça, enquanto cruzava a porta ouço meu nome gritado, e ele parecia uma palavra que significava suplica, bati a porta, por que sempre existe pena pelas pessoas que deixamos de amar e esse é o único sentimento averso do amor.
Roger Duarte

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lágrimas salgadas escorrendo do seu rosto doce,

um sorriso magro como se insosso fosse,

e seus olhos claros, agora sem cor,

só dor é o que vejo,

quando vermelho fica é de tanto amor que se deu,

desse pranto que não quer terminar, por tudo que aconteceu.

De perto eu pude ver

o que de longe já previa

que não havia ninguém no seu lar

da forma que tu querias

Tentei mas não pude ajudar

bastava somente estar ali

falar o que fazia bem

fazer com que possa sentir

Denovo o gosto amargo

de amar mas não ter pra si

quem queria compartilhar

toda vontade de sorrir

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


E já não tinha nada para oferecer. Tudo que era servido na bandeja, não agradava ao rei. De tão gordo, tinha preguiça de pensar nos movimentos que faria pra alcançar a comida. Durou algum tempo assim, com a reserva gordurosa do corpo. Certamente morreria de fome, perderia o trono.

imagens: Crimson Cosmos e ElifKarakoc

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sempre naquele mesmo horário eu tornava a encontrar
aquela em pessoa naquele mesmo lugar.

quase que um ritual, passou a ser vital.
Quando não a via me sentia mal

Pergunto-te sobre a vida,
ela diz que está tudo normal,
nada demais.

Pergunto-te sobre a paz,
que me falta quando desconcentro,
que desconcerto algo bom
quando o sono não é tão
forte pra me derrubar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

-Bateria Fraca.

Vulnerável, é evidente .Agora ela pode ser facilmente enganada, usada e aliciada. Agora, a confusão resolve residir sua cabeça sem piedade. E a hora de dar o bote, pois ela espera a gestação de uma boca que pode parir uma resposta ou não, isso a deixa ansiosa. Está andando em festas escuras seguindo luzes coloridas, dançando com pessoas bêbadas e sentindo a sua falta. Ela sente falta dela mesma. Eu não sabia que ela chorava, não sabia que ela sentia tanto. Sente e não quer permitir-se a saber o quê. Ela chora, isso acaba comigo no mesmo tempo que acho lindo. Deseja o bem a quem for mas não esta bem. Não sei o que se passa mas ela crê fielmente que vai passar. Ela tomou uma garfada, para amenizar a dor da palavra facada.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tranquilidade

Uma árvore permanece bela, calma, em paz, apenas banhando-se à luz do luar enquanto passo por ela. Ao seu redor, nada além do silêncio dos que à casa retornam após um longo dia de trabalho e de um homem, que tranquilamente descansava no asfalto, envolto em seu próprio sangue.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

sem ar

A vi correndo por instantes, mas antes que eu pudesse confirmar o seu olhar, adentrou aquele ônibus laranja, com meus sentimentos afônicos me transportei praquele lugar do seu lado no banco alto.
Mas de fora vi que não olhou pra trás, não sei se não me viu lá ou se quis se guardar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Comparando.

Dizia que esperava alguém. Eu enchia a boca pra falar que já tinha alguém na minha sala. Não sabia se era alguém ou uma estátua. No fundo, também esperava alguém que não me causasse dúvidas.