Preguiça de contar tudo, então eu miniconto!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

- Ok, testando!

Estava sentada distante, a claridade incomodava mas gostava da sensação. O ônibus estava vazio, podia escolher qual lugar fosse melhor, inclusive os que batiam pouca luz. Escutei uma mulher falando com a voz enrolada e aquilo chamou atenção, como era horrível aquele murmúrio, aquela tentativa de ordem. Fiquei com raiva da voz da mulher, contudo, queria entender o que ele estava falando e com quem. Olhei, ela estava sentada nos últimos bancos, que são cinco poltronas em uma mesma fileira. Estava sentada na poltrona perto da janela e gesticulava para o lado, parecia não ter ninguém ali. Impulso de levantar e sentar na mesma fileira, senti um pouco de nojo, a mulher era feia e estava mal vestida, parecia bêbada ou doente mental. Sentei na poltrona do meio e para surpresa, tinha uma menininha sentada na outra extremidade da fileira. Era bem magrinha, clarinha, bonitinha, de tão pequena, não dava pra ver que estava sentada ali, a poltrona da frente cobria seu rosto. Senti uma enorme simpatia pela menina que olhava atentamente pela janela, ela parecia gostar do ventinho que batia no rosto. A mulher voltava a resmungar e agora eu entendia, ficava mais feliz por isso, tinha cumprido meu objetivo. A menina não dava um mínimo de confiança, mas, parecia não sentir raiva, eu sentia raiva por ela, como poderia aquela hora da manhã estar bêbada e ainda com uma criança. Eu tinha que beber, pelo menos um copinho, tinha um teste pra fazer, eu tinha o direito de fazer isso, ela não. Pensei que ela poderia ser doente mental, senti culpa por ter raiva dela, fiquei confusa, estava atrasada para o teste. Senti vontade de criar a menina, eu poderia ser mãe dela ou eu nem poderia cuidar de mim mesma, queria uma solução. A mulher deu um grito que parecia arrastado; acordei dos pensamentos com ela fora do ônibus arrastando a menina pela rua. O próximo ponto era o meu, tinha que esquecer aquilo tudo pra dar lugar a outra tensão, o teste que tinha que fazer.

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